sábado, 26 de maio de 2012

A influência que se tornou nossa tendência



Algumas coisas são bastante engraçadas na vida de um músico. Geralmente, começamos em nosso instrumento de uma maneira, e vinte anos depois, você se vê bem diferente do que era no início de sua jornada.
Há algum tempo postei aqui os álbuns que mais me influenciaram como músico (http://meucerebrotemladodireito.blogspot.com.br/2012/01/todo-musico-teve-alguma-influencia-eu.html), mas entre todos eles, teve um que mudou minha trajetória.
Antes de conhecer a música celta, eu já era um apaixonado por músicas étnicas. Em uma banda de fusion que tive com alguns amigos, sempre procurava uma maneira de colocar influências de outras culturas para fugirmos do óbvio. E sempre gostei de chamar alguém que tocasse um instrumento diferente do padrão guitarra, baixo, bateria, teclado e violão.
Minha esposa, Jackie, era flautista de uma orquestra protestante, e se você tirasse a partitura da frente dela, você deixava a moça mais perdida do que uma surda num bingo.
Conhecemos o The Corrs em 2001, quando estávamos em Israel. Assistimos um especial deles no canal VH1, e ficamos um pouco atordoados com o que estávamos vendo. Aquela fusão entre a música tradicional irlandesa (que tem toda sua origem no celta) e o pop rock muito bem feito da banda, realmente mexeu conosco.

Depois que voltamos ao Brasil, estávamos andando pela rua Teodoro Sampaio (famosa rua de instrumentos musicais de São Paulo) e achamos um tin whistle (flauta celta) para vender em uma loja por "míseros" trinta reais. Não pensamos duas vezes e compramos aquela flautinha.
Mal sabíamos que aquilo era o início do que se tornaria a música celta em nossas vidas.
Adquirir material para estudar a música celta, há cerca de doze anos, era muito difícil (hoje melhorou um pouco, mas ainda não é fácil). Encontrar um professor de tin whistle para a Jackie, era mais difícil ainda. Conseguimos importar alguns métodos, DVDs, songbooks e "ralamos" de estudar. Eu mesmo usava as partituras de tin whistle para a guitarra, apenas para aprender como funcionavam os riffs.
Não somos especialidades no assunto, para falar a verdade, apanhamos muito e somos bem fraquinhos se comparados com outros grupos que procuram tocar o mesmo estilo. Mas realmente acho que nossa maior qualidade está no fato de compormos nossas próprias músicas e criarmos nossos próprios riffs. Claro que sofremos a influência do que estudamos, e certamente, essa influência se tornou nossa tendência.

Nesse caminho que estamos percorrendo através da influência da música celta em nossa musicalidade, muitas coisas boas aconteceram. Apenas para citar os artistas de maior renome, a Jackie gravou seus tin whistles para Nívea Soares, Chris Durán e Crianças Diante do Trono. Eu toquei com o Soul Survivor (Inglaterra), 3 Rock Youth (Irlanda), Fernandinho e Adhemar de Campos. E juntos tocamos com diversos artistas e grupos conhecidos e desconhecidos, e todos sempre foram uma honra gigantesca para nós. É impossível esquecermos de amigos como James Padley, Judson de Oliveira, Clamor Pelas Nações, André Argente (Jocum), Gerson Freire, Ministério Arca, Rodrigo Lisboa e Elias Brandt. Ainda faltam muitos outros nessa lista.
Também foram várias as mídias onde aparecemos com nosso trabalho. Como a Guitar Player, Cover Guitarra, Roadie Crew, TV Paulista, Rede Super, mídias e sites internacionais e nacionais.

Tudo isso conseguimos através da nossa fusão maluca entre música celta, rock e folk, além da nossa coragem em arriscar.
Se fizemos dinheiro com isso?
Nada. Somente o necessário para bancar nossos CDs.
Então porquê não desistimos?
Porque nossa paixão pela música é mais forte do que as dificuldades que enfrentamos no caminho. E a música parecer que consegue ser como "a droga do bem". Ela te domina de forma impressionante, fica na sua cabeça, mas não te destrói. Pelo contrário, ela te faz sonhar, fugir da realidade e pensar que as coisas podem ser muito melhores do que são.

E nessa nossa loucura, estamos em fase de gravação do nosso 4º CD, o Back to the New. Certamente isso nos dá um misto de sentimentos, como animação, alegria, medo e confiança. Mas vontade de parar, mesmo sabendo que não temos retorno financeiro nisso, certamente não dá.
Esse é mais um capítulo da nossa história, e tenho certeza de que muitos outros capítulos virão.

Curta um pouquinho da gravação do nosso novo CD.


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